sábado, 12 de fevereiro de 2011

“Tomara que o filho que venha seja o que salve o mundo”

Alejandro Sanz: "Tomara que o filho que venha seja o que salve o mundo"
A ponto de ser novamente pai, e sendo uma figura da entrega dos Grammy desta noite, o cantor espanhol de mais sucesso do momento chegará a nossa província dia 28.


"Paraíso Express" é um registro ao vivo que se converteu em sucesso de vendas. E é esse show que traz a Mendonça.

Domingo, 13 de fevereiro de 2011

Estes não são días tranquilos para Alejandro Sanz. Acaba de chegar da África, onde foi testemunho privilegiado (se se pode chamar privilégio ser testemunho de certas verdades) de uma luta desigual: a dos Médicos sem Fronteiras contra a AIDS.

Ao mesmo tempo, causou agitação sua tomada de partido pela Lei Sinde espanhola, uma polêmica legislação antipirataria informática que encendiou o debate entre aqueles que vêem com bons olhos a gratuidade da rede e os que defendem o direito da propriedade intelectuall (aqui há que situar Sanz).

Apoiaram-no nesta muitos músicos e a indústria discográfica toda; mais outros bloggers, escritores e periodistas lhe deram como para que tenha, guarde e arquive. A discussão aconteceu por Twitter, a arena onde acontecem as brigas neste mundo tão mas tão global, entre estas celebridades de armas tomar e BlackBerry levar.

Ao mesmo tempo, o amigo de Shakira voltará esta noche a ser o protagonista da entrega dos Grammys, o confirmando novamente nas grandes ligas da música mundial. E, entretanto, planifica shows em Viña del Mar, Buenos Aires e Mendonça.

Aqui estará dia 28, por essas coisas do destino, a sorte e o conselho dos bons amigos (um dos seus mais íntimos é mendocino). Assim começa esta conversa reposada entre Estilo e o homem que anda por aí ganhando prêmios, prendendo fogo, tweets e partindo corações.

-Como é que Mendonça apareceu no meio do tour?

-Queria ir. Um dos meus melhores amigos é daí, de Mendonçaa –disse desde Miami-. Se chama Polo Martínez (empresário e trompetista). Vou ver se o convenço a me levar para passear por todos os lugares, pela cidade. Me lembro que a última vez que cheguei a Mendonça o fiz cruzando a cordilheira em carro, foi uma viagem que foi uma odisséia, praticamente. Mas desfrutei muito do show aí, com um público jovem, muito entregado. Vou com muita vontade…

-Como é ser famoso desde tão novo, chega o momento em que te acostumas a fama?

-Comecei a ser conhecido aos 20 ou 21 anos. E ufa se me lembro da estapa anterior... Mas bom, um que vive todos os días consigo mesmo (rí), e se vê todos os dias no espelho, não percebe as mudanças. E sim, ao final você vai se acostumando. O homem é um animal de costumes e nos adaptamos a quase qualquer circunstância… Sei não, olha os esquimós!

-E qual é a maior diferença entre ser um ídolo adolescente e o músico que és hoje, muito mais respeitado?

-Não é fácil. Desde que comecei minha carreira sempre quis ser algo interessante musicalmente.

Obvio que aos 20 anos tens algumas inquietudes e despois vais tendo outras. Mas bom, eu venho do flamenco que já por sí te dá um nível e uma cultura musical que te marca. É sempre mais satisfatório poder pensar que quando meus filhos cresçam poderão escutar meus discos e apreciar a música que estou fazendo hoje que me tornar em um cantor para adolescentes...

-E houve um click em sua carreira que te fez mudar de rumo?

-Houve um salto enorme entre o primeiro e o segundo disco. O primeiro era um disco de canções adolescentes ("Viviendo Deprisa", 1991), ainda que já apontava uma maneira: a forma de escrever as canções, apesar de que eram muito básicas, já tinham o seu. O segundo ("Si tu me miras", 1993) foi um disco muito mais complexo. Lembro que na ocasião Paco de Lucía disse: "me sinto mais próximo de Alejandro Sanz do que de qualquer outro músico", porque o salto de qualidade foi muito grande. Fui de um conceito a outro.

-Escutei que você disse que a música é a verdadera máquina do tempo. Também que ainda gravava suas composições em cassete. Você é um nostálgico do rock?

-Não, sou um acomodado (rí com vontade). Um acomodado do rock. Preciso sentir que onde gravo as cosas é algo que posso tocar. Isso de ver que o disco duro está dentro da maquininha e que não o posso tirar me dá a sensação de … claustrofobia! Necessito sempre esta coisa do cassete, eu gosto.


-Que discos de outros artistas tens agora a mão?

-Agora mesmo estou muito metido na música africana. Fiz uma viagem recentemente a Zimbabwe com Médicos sem Fronteiras para ver todos os projetos de Aids Pediátrico que estão fazendo lá. E me esbaldei com esses sons africanos. Me parece fascinante. Agora estou brincando com essa música, incorporando-a. Mas eu sou muito clássico, sigo escutando meus discos de toda a vida: Paco de Lucía, Leonard Cohen, entre outros.

-E o novo?

-Escuto muitos demos de gente jovem porque tenho uma marca discográfica de flamenco. E alguns companheiros me mostram o que fazem. Quero preservar o legado do flamenco, mas através de artistas novos…

O grande provocador

-Você será papai em pouco tempo, veio de Africa, é um tipo que se interessa pelos grandes problemas da atualidade. Qual é o maior medo de trazer uma criança a este mundo?

-O maior medo é que me tire do topo das listas de vendas (ri). Nãoooo, imagíne… Medo o que se diz medo é a este mundo convulso, mas está convulso desde a Revolução Industrial, e desde antes também. Somos uma espécie convulsa, nos enfada a rotina… Me dá medo que meus filhos não possam chegar a desfrutar de um mundo tranquilo, de um planeta habitável. Mas por outro lado, me dá tanta felicidade trazer outra criança ao mundo! Me encanta ter filhos. E acredito que são o futuro. E tomara que a criança que venha seja a que salve o mundo.

-Você se sente um provocador quando, por exemplo, toma partido por causas como a Lei Antipirataria?

-Eu faço o que faria qualquer tipo medianamente comprometido com seu entorno: fazer o que acredita que está bem; dizer o que pensa sobre os assuntos. Para mím seria mais simples ficar calado na minha casa, e viver tranquilamente que é o que fazem muitíssimos artistas, e me parece muito bem.

Mas também, penso que se eu não dou a cara em um asunto tão sensível como este, e não protejo aos meus companheiros que têm menos oportunidades de alçar sua voz ou aos trabalhadores da indústria discográfica que estão perdendo seus postos de trabalho e que não podem dizer nada… quem fará. Acredito que é justiça devolver um pouco aos demais. Sei que isso não vai me repercutir em nada, mas para muitos colegas sim.

-Na hora de compôr, quanto de biográfico há nas canções?


-Eu acredito que utilizo todos os métodos e busco todas as saídas. As vezes se compõe por vingança, outras vezes só por fazer poesia, simplesmente brincar com as palavras e fazer algo esteticamente belo, esquecer do sentido e ir pelo sensível. Utilizo todas as técnicas. É o justo. É brigar com todas as armas que se tem.

-Compôr por vingança...? Que é o que mais podes chegar a odiar em uma mulher...

-Eu não podia odiar nada das mulheres porque não tenho facilidade para odiar. Acredito que as mulheres são belas, perfeitas, não têm peso nas costas nem idade. Então que posso te dizer. Há duas coisas que não perdôo do ser humano em geral: que seja injusto e que seja estúpido.

-E que te incomoda mais em uma mulher, que seja ciumenta ou indiferente?

-Para mím a indiferença me provoca uma curiosidade impressionante. Não gosto da facilidade suprema das coisas.

Os dez minutos pelo relógio que nos ofereceu seu pessoal de imprensa se esgotam em um sopro.

Alejandro Sanz terá, então, somente tempo para descrever onde está, o que está fazendo, algo que devería haver sido a primeira pergunta desta entrevista mas por essas coisas do destino e o esquecimento do cronista, ficou relegado para o final: "Estou em minha casa dando voltas ao patio, há palmeiras, há uma fonte, é de noite, faz calor, humidade, não há ninguém ao redor... Parece que este é o mundo que eu queria deixar ao meu filho".

Por Leonardo Rearte - lrearte@losandes.com.ar

http://www.losandes.com.ar/notas/2011/2/13/alejandro-sanz-ojala-hijo-traiga-salve-mundo-550393.asp

Tradução: Andrea Borges (ClubSanzBrasil)


Jeanine Azevedo
Presidente

 
 
                                                                                       Equipe ClubSanzBrasil

 

 
  
 
  
 
 




 


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